As vezes um poema é um vômito
em quê a alma expele o que não lhe faz bem.
Tem toda uma poesia,
Enfurnada no meu peito,
Entalada na garganta,
Do meu espírito imperfeito.
A poesia feia,
De uma vida feia,
Que não se quer mostrar.
Uma poesia que batalha,
Sobe a superfície,
E é obrigada a descer,
Do papel rasgado,
Do verso apagado,
Numa tela qualquer.
Então se vinga,
Se não é livre,
Volta pra dentro,
Faz intenso tormento,
Pra lembrar-me que existe.
E escraviza minha alma
Nos gestos involuntários,
Nos pensamentos arbitrários,
Na possessão de mim.