Ao longe eu observava uma silhueta,
Eu a vi esticar a mão bem alto,
E pegou um pedaço do céu.
Os anos se passaram,
A silhueta cresceu,
Mas ela nunca mais esticou a mão.
Esticacava sim, seu pedaço de céu no varal de dia,
Remexia as nuvens se queria chuva,
Deixava-as quietas se queria sol.
O pedaço de céu era tão grande, é verdade,
Mas, conforme o tempo passava, a silhueta nunca mais olhou para cima,
De forma que julgou possuir, ela não somente um pedaço, mas, todo o céu.
Não havia quem lhe dissesse que aquilo não era todo céu,
Ria-se e zombava, julgava até loucos quem quisesse alertar.
Cansados de tentar abrir-lhe os olhos, todos apenas observavam,
A silhueta dona de seu pedaço de céu.
Eu olhando para cima uma vez vi um eclipse,
Vi passar cometa,
Um Óvni,
Vi um avião pedir a Ana em casamento.
Eu sempre olhava de escanteio,
Nada daquilo passava no pedaço de céu, já velho no varal.
Eu pensei, que pena é a soberba de não se permitir.