Chorando sobre a última muda de roupa
Deixada por Alef, Ilda mal podia controlar o pranto e o pensamento,
Tudo que lhe subia a mente àquele momento
Era a partida do querido filho pra um país distante.
Humanidade muito pouca evoluída,
Mensagens chegavam pelas mãos de viajantes,
Tudo que Ilda pensava era a partida
Do querido filho pra um país distante.
Sobre a muda de roupa que por último usava,
Antes de súbito partir,
Com delicada ternura pousou uma coroa a florir,
Disse palavras em sua memória,
E ali sempre voltava pra que não apagasse da história,
Tudo que ela pensava, a partida do querido filho pra um país distante,
E agora que era lembrança,
Nada era como antes,
Mudou o endereço,
E não ouvia sua voz,
Era 1812, e a distância,
Os mantinha sós.
Certa feita o querido filho
Recebeu notícia da amada mãe Ilda,
E mandou uma mensagem por intermédio de um mensageiro,
Achava tudo aquilo um exagero,
Chorar como uma criança ferida,
Sobre as roupas de quem agora morava num país estrangeiro,
Como se fossem na verdade
Sua própria existência e individualidade.
"Estou despido,
Mas, não chore sobre minhas vestes,
Aqui vagueio entre os ciprestes,
Muito bem acolhido,
Um neófito num país de mestres,
Não sou eu as minhas vestes,
Não permaneça teu semblante sofrido,
Pois, no tempo escolhido,
Fui muito bem acolhido".
E Ilda teve certeza de uma só vez
Que um dia abandonaria também suas vestes
Pra servir-se da nudez,
Neófita num país de metres.