Amado Deus
Meu ânimo abatido
Está curvando meu corpo
E sangrando minh'alma.
Angustias se acumulam
Porque a tolice do meu coração
Teima não guardar
Magistral e eterno ensinamento
De que basta cada dia seu mal.
As aves do céu
E os lírios do campo
Em muito me superam
Pois, nem o amanhã
Nem o ontem
Podem lhes abater.
Quem dirão da tempestade
E do grito dos loucos e perturbados
Meros grãos de areia no vento
De que o tempo ao teu serviço
Havera de se encarregar.
Mas a minha alma chora
Meu espírito se aflige e agita
Como os mortos esqueço de respirar
E minha razão se dilacera
Nesse abismo de dor.
Dá-me o ânimo e a coragem
De que eu necessito agora
Para sacudir o pó do meu corpo
E expulsá-lo da minha roupa
Me erguer para a batalha
Como a torre intransponível
Que fizestes do meu ser.
Assim seja, graças a Deus.